Estava aqui me lembrando do dia da inscrição pro vestibular. Passei um dia de namoradinha com o Memo, que largou tudo o que estava fazendo pra me acompanhar. Andamos de ônibus, comemos trash food e passeamos de mãos dadas falando bobagem.
No fim da tarde, voltávamos para casa cansados, sorrindo mole, quase dormindo no balanço da estrada quando nosso ônibus passou por outro, suburbano, cheio de gente em pé. Fiquei espiando as pessoas pela janela e lá no primeiro banco, que passou por último pelos meus olhos, vi um casal se beijando. Não vi o rosto da moça, que estava de costas pra mim, mas o cara tinha uns 35 anos e a pele queimada de quem trabalha no sol. Estava beijando daquele jeito que forma uma ruguinha no meio das sombrancelhas, de olhos bem apertados, a mão segurando a cabeça da moça de um jeito todo terno. Putz, eu sempre fico sem-graça quando vejo beijo na boca ao vivo: as linguonas aparecendo, os barulhos, a baba que um deixa no beiço do outro; sei lá, acabo olhando pra outro lado. Mas esse beijo do ônibus não foi assim, não. A cena durou uns três segundos, mas quase vi uma aura em volta daqueles dois, alheios a tuuudo naquela luz amarela do por-do-sol.
Vim pra casa pensando nisso e quando chegamos, eu não resisti, precisava contar pro Memo. E quando eu comecei a falar ele disse: “Nossa, então você também viu? Achei tão bonito...”
Eu vivo achando uma desculpa nova pra me apaixonar pelo meu marido. ;o)
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