domingo, 6 de fevereiro de 2005

Ontem fez uma semana que fomos assaltados. Tem tanta coisa pra falar, mas eu ainda não consigo. Mas, de cara, tem uma coisa que ainda me assombra: a vida perde todo o significado transcedental sob a mira de uma arma. É cru, assustadoramente simples e inapelável: você está vivo, mas daqui a 2 segundos pode não estar. Não tem como se despedir. Não tem como contar com socorro. Não tem como pedir "por favor". Só dá pra ter esperança de que os caras não estejam a fim de puxar o gatilho.

Como eu disse pra Fal, nós tivemos essa sorte. Mas só soubemos disso quando ouvimos que os passos no corredor tinham mesmo ido embora, que o carro estava se afastando e que não tinha ficado ninguém na casa pra "acabar o serviço".

Com a polícia, não tivemos tanta sorte: o carro foi encontrado intacto no dia seguinte. Na segunda-feira, às 9 da manhã, o Anselmo foi avisado, e foi direto para o pátio. Mas só deixaram que ele visse o carro às 5 da tarde. Impiedosamente depenado. Trocaram as rodas e pneus, arrancaram as lanternas e os bancos. Ha, e o nego do pátio ainda querendo cobrar o serviço de guincho. É a lama.

Com o passar dos dias, o susto vai gastando, e a gente começa a lidar com os desdobramentos da coisa. O computador foi embora com uma grana preta em trabalho dentro dele. É chato e frustrante que isso tenha acontecido agora, que a vida estava começando a ficar redondinha, que o Memo tinha finalmente aprendido a dirigir e eu estava a uma semana de começar a faculdade que eu tanto esperei e planejei. Mas tudo bem. A gente faz mais um buraquinho no cinto, e faz o caminho de volta.

E, ao final de tudo, estou tendo a oportunidade de ser grata a outras coisas que, no fundo, são as que eu acho mais importantes: sou grata pela vida dos meus filhos e por poder ficar perto deles. Sou grata por poder me emocionar com o exército de anjos da guarda - convocados pela trombeta da Anja-Chefe Giu - que eu nem sabia que tinha, e por poder acreditar, pelo menos de vez em quando, naquilo que o Gabriel, meu filho de 8 anos, tem tanta fé: que o Bem é mais forte, e que se manifesta quando a gente precisa dele de verdade.

Obrigada pela solidaderiede. Vocês estão fazendo uma diferença incalculável na minha vida neste momento - e eu não estou falando da grana.

Espero poder voltar logo. Até lá, recebam muitos beijos de todos nós, e todo o reconhecimento do mundo.

Pipa, Anselmo, Gabriel, Felipe e Laura.

9 comentários:

Anônimo disse...

Oi Pipa,

Te achei!! Fiquei um tempo sem olhar o seu casulinho antigo e quando fui ver, você não estava mais lá... snif snif...

Estava morrendo de saudade das estórias dos seus filhos e de curiosidades de saber como você estava.

Sinto muito pelo o que aconteceu e desejo de coração que vocês se recuperem logo!

Bjs,
Krys.

PS: Tentei me cadastrar no Blogger, mas já tem uma Krys...

Rafael Reinehr disse...

Pipa, diria minha vó: foram-se os anéis e ficaram os dedos!

Fiquei sabendo do acontecido através do RifaRifa. Não me pergunte como cheguei lá, o fato é que cheguei e me sensibilizei!

Já estou com meus numerozinhos garantidos e hoje mesmo vou colocar um linque para o RifaRifa lá no Escrever Por Escrever.

Grande abraço e tudo de muito bom neste 2005 que está só começando e vai ficar, a partir de agora, CADA VEZ MELHOR!

Anônimo disse...

Olá Pipa!
Fiquei sabendo pela Deborah o que aconteceu com vocês e fiquei chocado. Ela passou por situação parecida em Americana e eu acompanhei de perto. Embora eu felizmente nunca tenha passado por isso, pude sentir o choque quando cheguei na casa dela, é realmente algo que nos amedronta.
Espero que o trauma passe o mais rápido possível para que vocês voltem à rotina de suas vidas. Os bens materiais serão consquistados novamente com o tempo. O mais importante é que todos estão bem.
Um grande abraço e muita força para vocês.

Fabiano.

Anônimo disse...

ei, Pipa...
tô aqui torcendo por você, quer dizer, eu, minha mãe, minhas irmãs, meu irmão, umas amigas, meu cunhado, minha chefa, fiz a MAIOR CORRENTE DO BEM PROCÊ.

e segunda vou lá no santander.


te adoro, sucesso, segura a onda pois é que nem na música do Trem da Alegria: "eu teeenho a foooorça, sou invenciiiveeel, vaaaamos amigos, unidos venceremos a semente do maaaaaaaal, nanananananananana ... he-man!"

Anônimo disse...

Ô Pipa, querida, tô de longe torcendo para que as coisas voltem aos eixos e agradecendo por vcs estarem vivinhos! Muitos beijos, Rê Cunha

Anônimo disse...

Oi Pipa, é a primeira vez que entro no seu Blog, vim através da Alê. Gostaria de participar da rifa, mas aqui onde moro (Aracaju) não tem nenhuma agência do Santander. Posso ajudar de outra forma?

Anônimo disse...

Ah esse comentário foi meu... Mônica e-mail: uiuiuimamae@hotmail.com
www.borboletabebada.blogger.com.br

Anônimo disse...

Pena que não mataram vocês tudo, aí não iam ficar enchendo pedindo dinheiro. Eta ladrão incompetente!

Anônimo disse...

Pipa, peço que você, por gentileza, apague o comentário desse filho da puta que tenta se fazer passar por mim e não se preocupa nem sequer em escrever um português decente. Mas não apague sem antes me passar o IP dele, para que eu tome as providências cabíveis contra o crime de falsidade ideológica. Um beijo do Ruy Goiaba, o verdadeiro.