Era uma vez um cara, conhecido meu. Muito íntimo, digamos. Um publicitário.
Esse moço, depois de desfazer uma sociedade, hum, dúbia, amargou um ano de desemprego. E num foi nada fácil, pois ele tinha três, ops, quatro filhos, mulher, pai e irmão para sustentar. Suzinho.
Aí, apareceu uma pr*feitura solicitando serviços de propaganda. Primeiro, ele teve de desenvolver várias (muitas) peças "de cortesia", para que os caras "avaliassem" o trabalho dele. Isso aí durou meses. (Curioso, isso: quem pode mais sempre acha que os plebeus se sentem honrados em trabalhar de graça pra eles). Nesses meses, foram sendo discutidos pormenores de um futuro contrato: valores, vencimentos, atribuições, forma de trabalho. Quando o trâmite legal finalmente se desenrolou e o contrato saiu, oh!, alívio. O dinheiro seria o suficiente para retomar a vidinha, voltar a pagar as contas em dia, planejar melhor o futuro.
O primeiro pagamento veio, o segundo também. E depois, parou de vir. Por trinta, sessenta, noventa dias. Muita coisa chata aconteceu nesse período, como a dona da casa alugada dar barraco no portão, esfregando a cara da mulher do moço no cocô, como se faz com cachorrinhos destreinados. O tesourão comendo solto - luz, telefone, plano de saúde. O moço desesperado, sem entender o que estava pegando. Muito trololó pra lá e pra cá.
Até que o adevogado dos hômi mandou chamar o moço pra conversar. E disse que ele precisaria ceder um terço do valor do contrato para despesas não-declaradas da pr*feitura. Se quisesse receber, né. Porque senão, eles poderiam segurar a grana indefinidamente. E o moço não poderia parar de prestar o serviço, pois aí, quem estaria rompendo o contrato era ele.
O moço, a essa altura, já havia arrumado mais outros dois empregos pra tentar evitar a hecatombe. Ele estava muito, muito cansado.
Ainda não sei o fim dessa história.
Sei que a mulher dele espumou pela boca e queria gravar conversas e aparecer no Fantástico. Mas o moço disse que com bandido não se brinca.
Hum, quando ouvi essa história, pensei: tá, nem somos assim tão ingênuos, era de se esperar que rolasse um pedágio. Mas um terço? Máfia do caralho.
E eu, como a Fal, sou obrigada a admitir que o mundo dos adultos me apavora. Que eu definitivamente não entendo como as coisas funcionam.
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3 comentários:
Deus do céu. Meus cabelos todos se arrepiaram aqui. Nem sei o que falar....
Pipinha de Deus.....
Meu coracao ta do tamanho de uma ervilhinha.
ai, fia. esse povo não tem medo do inferno...
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