Ontem, depois de mais de 20 dias da mudança, ligaram a interneta. Deus seja louvado.

Estou morando na casa onde passei um pedaço da minha infância, outro da adolescência, outro da recém-maternidade. Desta vez, fico mais um ou dois anos. Ou pra sempre, sei lá. Meus pais, que estavam morando aqui, voltaram para São Pedro. Nos primeiros dias, dava um aperto no peito ficar aqui, olhando para essas paredes já tão velhinhas, cheias de recordações e tropeçando nas coisas que eles deixaram. Mas também foi boa a sensação de "voltar pro colo". A vizinha de 82 anos vindo me receber com aquelas asonas abertas e o andar de ema. A vizinha do lado mandando bolo de chocolate. A vizinha da frente trazendo mudinha de manjericão. A rua cheia de árvores. O quintal de terra vermelha, onde já está nascendo uma horta e onde as crianças vão cavocar feito tatus, para desespero da Dalva.

Ainda está difícil conseguir roubar tempo pra mim. Agora mesmo, enquanto tento terminar essas linhas, a Júlia está lá no berço, rosnando. Sim, ela rosna. E rola na cama. E chupa o dedão do pé. E já chama "mã".