Já abri o WordPad, comecei a escrever e apaguei tudo umas 30 vezes. Ando sentindo falta da minha caligrafia. Isso deve ter a ver com o presente de Natal mais fofo que já ganhei do Memo (a despeito de ter sido o mais pobrinho ever, foi o que me fez mais feliz): um baldinho cor-de-rosa cheio de canetas de todos os modelos e sabores. E teve a agenda de elefantinhos que ganhei dos meus pais pra combinar. Nada como ganhar presente de quem conhece bem as nossas paixões :) Eu sou perdida por artigos de papelaria. Quando era criança, meu sonho mais ambicioso era ser dona de uma livraria/papelaria (ainda sinto um arrepiozinho quando penso nisso).

A Júlia começou a engatinhar no primeiro dia do ano. Ela já estava treinando o mecanismo fazia um mês, mas só conseguia andar para trás. Depois que descobriu como engatinhar para frente, se empolgou e também aprendeu sentar sozinha e a agarrar e ficar em pé no sofá e na grade do berço - o que me causou um susto de ficar com a perna frouxa. Entrei no quarto e tinha mais da metade de um nenê pendurada para fora do berço. Agora, é uma perseguição implacável: ela engatinha a jato pela casa toda, cantando: "Mã-mã, mã-mã".

Dá um certo desconsolo por causa da cor que ela fica: a terra vermelha é onipresente por aqui. Ela está no chão, nas paredes, nas roupas, na porta da geladeira. Zequinha, meu sogro, vem com os pés e mãos sujos da horta e aí... Mas eu tento não ficar brava com ele por causa da sujeira, porque a horta está uma coisa linda. Já tem rúcula, escarola, catalônia e couve pra comer e pra dar para a vizinhança. Tem quiabo, pimentão, abóbora japonesa e milho crescendo. Tem feijão dando vagem. Tem hortelã, manjericão, salsa, cebolinha. Tem matinho de beldroega e caruru. E o Zequinha passa o dia lá, cuidadoso feito enfermeira de berçário. Agora só falta formar o canteiro grande do jardim.